POEMA: MINHA FICHA
Nome:
Quem, ou qualquer,
Em código binário.
Data de nascimento:
Já esqueci.
Mas foi há quase sempre.
Ambições:
Não quero,
Se quero não me dão.
Não peço.
Não ofereço.
Deveres:
Completar o trajeto.
Trocar as ferraduras.
Religião:
Resumo de todas
As descrenças.
Desprezo por quem acha
Que existe o que não há.
Até onde?
Até o fim do espaço
Que me deram,
Do limite do tempo
Que não tenho.
Resumo:
Conservar o espanto constante,
De dois olhos.
E ver.
Conhecer lugares
Gravados só em olhos cegos.
Millôr
Seja Bem-Vindo!
sexta-feira, 27 de maio de 2011
domingo, 22 de maio de 2011
Diz o mestre
Diz o mestre:
Hoje seria bom fazer algo fora do comum.
Podemos, por exemplo, dançar na rua enquanto caminhamos para o trabalho. Olhar nos olhos de um desconhecido e falar de amor à primeira vista. Dar ao chefe uma ideia que pode parecer ridícula, mas em que acreditamos. Comprar um instrumento que sempre quisemos tocar, e nunca nos arriscamos. Os guerreiros da luz se permitem tais dias.
Hoje podemos chorar algumas mágoas antigas que ainda estão presas na garganta. Telefonaremos para alguém com quem juramos nunca mais falar (mas de quem adoraríamos escutar um recado em nossa secretária eletrônica).
Hoje pode ser considerado um dia fora do roteiro que escrevemos todas as manhãs.
Hoje qualquer falha será admitida e perdoada.
Hoje é dia de se ter alegria na vida.
Maktub
Hoje seria bom fazer algo fora do comum.
Podemos, por exemplo, dançar na rua enquanto caminhamos para o trabalho. Olhar nos olhos de um desconhecido e falar de amor à primeira vista. Dar ao chefe uma ideia que pode parecer ridícula, mas em que acreditamos. Comprar um instrumento que sempre quisemos tocar, e nunca nos arriscamos. Os guerreiros da luz se permitem tais dias.
Hoje podemos chorar algumas mágoas antigas que ainda estão presas na garganta. Telefonaremos para alguém com quem juramos nunca mais falar (mas de quem adoraríamos escutar um recado em nossa secretária eletrônica).
Hoje pode ser considerado um dia fora do roteiro que escrevemos todas as manhãs.
Hoje qualquer falha será admitida e perdoada.
Hoje é dia de se ter alegria na vida.
Maktub
domingo, 15 de maio de 2011
Up Around the Bend - Creedence Clearwater Revival
"You can ponder perpetual motion,
Fix your mind on a crystal day,
Always time for a good conversation,
There's an ear for what you say."
sábado, 14 de maio de 2011
Cenário - Romanceiro da Inconfidência
Cenário
Eis a estrada, eis a ponte, eis a montanha
Sobre a qual se recorta a igreja branca.
Eis o cavalo pela verde encosta
Eis a soleira, o pátio, a mesma porta.
E a direção do olhar. E o espaço antigo
Para a forma do gesto e do vestido.
E o lugar da esperança. E a fonte . E a sombra.
E a voz que já não fala, e se prolonga.
E eis a névoa que chega, envolve as ruas,
Move a ilusão de tempos e figuras.
A névoa que se adensa e vai formando
nublados reinos de saudade e pranto.
Cecília Meireles
Eis a estrada, eis a ponte, eis a montanha
Sobre a qual se recorta a igreja branca.
Eis o cavalo pela verde encosta
Eis a soleira, o pátio, a mesma porta.
E a direção do olhar. E o espaço antigo
Para a forma do gesto e do vestido.
E o lugar da esperança. E a fonte . E a sombra.
E a voz que já não fala, e se prolonga.
E eis a névoa que chega, envolve as ruas,
Move a ilusão de tempos e figuras.
A névoa que se adensa e vai formando
nublados reinos de saudade e pranto.
Cecília Meireles
sexta-feira, 13 de maio de 2011
Transatlantique - Beirut
Transatlantique (Tradução)
Não, eu não poderia dizer-lhe como a casa queimou-se toda
Ontem à noite, enquanto nós estávamos correndo por aí
Meia-noite te rodeia, o luar te faz orgulhosa
Ontem à noite, oh, nós estávamos correndo por aí
Cante para a última chamada, cante para a última queda, tal era tudo
Cante para a última chamada, cante para a última queda, tal era tudo
O tempo todo eu fui seu lar
O tempo todo eu fui seu lar
Cante para a última chamada, cante para a última queda, tal era tudo
Cante para a última chamada, cante para a última queda, tal era tudo
E durante o tempo todo eu fui seu lar
O tempo todo eu fui seu lar
O tempo todo eu fui seu lar
O tempo todo eu fui seu lar
Maktub
Diz o mestre:
Quando pressentimos que chegou a hora de mudar, começamos – inconscientemente – a repassar um tape mostrando nossas derrotas até aquele momento.
É claro que, à medida que ficamos mais velhos, nossa cota de momentos difíceis é maior. Mas, ao mesmo tempo, a experiência nos deu meios de superar estas derrotas, e encontrar o caminho que permite seguir adiante. É preciso também colocar esta fita em nosso videocassete mensal.
Se só assistimos ao tape da derrota, vamos ficar paralisados. Se assistirmos ao tape da experiência, vamos terminar nos julgando mais sábios do que realmente somos.
Precisamos das duas fitas.
Maktub - P.C.
Quando pressentimos que chegou a hora de mudar, começamos – inconscientemente – a repassar um tape mostrando nossas derrotas até aquele momento.
É claro que, à medida que ficamos mais velhos, nossa cota de momentos difíceis é maior. Mas, ao mesmo tempo, a experiência nos deu meios de superar estas derrotas, e encontrar o caminho que permite seguir adiante. É preciso também colocar esta fita em nosso videocassete mensal.
Se só assistimos ao tape da derrota, vamos ficar paralisados. Se assistirmos ao tape da experiência, vamos terminar nos julgando mais sábios do que realmente somos.
Precisamos das duas fitas.
Maktub - P.C.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Romance IV ou da Donzela Assassinada
Romance IV ou da Donzela Assassinada
Sacudia o meu lencinho
para estendê-lo a secar.
Foi pelo mês de dezembro,
pelo tempo do Natal.
Tão feliz que me sentia,
vendo as nuvenzinhas no ar,
vendo o sol e vendo as flores
nos arbustos do quintal,
tendo ao longe, na varanda,
um rosto para mirar!
Ai de mim, que suspeitaram
que lhe estaria a acenar!
Sacudia o meu lencinho
para estendê-lo a secar.
Lencinho lavado em pranto,
grosso de sonho e de sal,
de noites que não dormira,
na minha alcova a pensar,
- porque o meu amor é pobre,
de condição desigual.
Era no mês de dezembro
pelo tempo do Natal.
Tinha o amor na minha frente,
tinha a morte por detrás:
desceu meu pai pela escada,
feriu-me com seu punhal.
Prostrou-me a seus pés, de bruços,
sem mais força para um ai!
Reclinei minha cabeça
em bacia de coral.
Não vi mais as nuvenzinhas
que Pasciam pelo ar.
Ouvi minha mãe aos gritos
e meu pai a soluçar,
entre escravos e vizinhos,
-e não soube nada mais.
Se voasse o meu lencinho,
grosso de sonho e de sal,
e pousasse na varanda,
e começasse a contar
que morri por culpa do ouro
- que era de ouro esse punhal
que me enterrou pelas costas
a dura mão de meu pai -
sabe Deus se choraria
quem o pudesse escutar,
- se voasse o meu lencinho
e se pudesse falar,
como fala o periquito
e voa o pombo torcaz...
Reclinei minha cabeça
em bacia de coral.
Já me esqueci do meu nome,
por mais que o queira lembrar!
Foi pelo mês de dezembro,
pelo tempo do Natal.
Tudo tão longe, tão longe,
que não se pode encontrar.
Mas eu vagueio sozinha,
pela sombra do quintal,
e penso em meu triste corpo,
que não posso levantar,
e procuro o meu lencinho,
que não sei por onde está,
e relembro uma varanda
que havia neste lugar...
Ai, minas de Vila Rica,
santa Virgem do Pilar!
Dizem que eram minas de ouro...
- para mim, de rosalgar,
para mim, donzela morta
pelo orgulho de meu pai.
(Ai, pobre mão de loucura,
que mataste por amar! )
Reparai nesta ferida
que me fez o seu punhal:
gume de ouro, punho de ouro,
ninguém o pode arrancar!
Há tanto tempo estou morta!
E continuo a penar.
Cecília Meireles
Sacudia o meu lencinho
para estendê-lo a secar.
Foi pelo mês de dezembro,
pelo tempo do Natal.
Tão feliz que me sentia,
vendo as nuvenzinhas no ar,
vendo o sol e vendo as flores
nos arbustos do quintal,
tendo ao longe, na varanda,
um rosto para mirar!
Ai de mim, que suspeitaram
que lhe estaria a acenar!
Sacudia o meu lencinho
para estendê-lo a secar.
Lencinho lavado em pranto,
grosso de sonho e de sal,
de noites que não dormira,
na minha alcova a pensar,
- porque o meu amor é pobre,
de condição desigual.
Era no mês de dezembro
pelo tempo do Natal.
Tinha o amor na minha frente,
tinha a morte por detrás:
desceu meu pai pela escada,
feriu-me com seu punhal.
Prostrou-me a seus pés, de bruços,
sem mais força para um ai!
Reclinei minha cabeça
em bacia de coral.
Não vi mais as nuvenzinhas
que Pasciam pelo ar.
Ouvi minha mãe aos gritos
e meu pai a soluçar,
entre escravos e vizinhos,
-e não soube nada mais.
Se voasse o meu lencinho,
grosso de sonho e de sal,
e pousasse na varanda,
e começasse a contar
que morri por culpa do ouro
- que era de ouro esse punhal
que me enterrou pelas costas
a dura mão de meu pai -
sabe Deus se choraria
quem o pudesse escutar,
- se voasse o meu lencinho
e se pudesse falar,
como fala o periquito
e voa o pombo torcaz...
Reclinei minha cabeça
em bacia de coral.
Já me esqueci do meu nome,
por mais que o queira lembrar!
Foi pelo mês de dezembro,
pelo tempo do Natal.
Tudo tão longe, tão longe,
que não se pode encontrar.
Mas eu vagueio sozinha,
pela sombra do quintal,
e penso em meu triste corpo,
que não posso levantar,
e procuro o meu lencinho,
que não sei por onde está,
e relembro uma varanda
que havia neste lugar...
Ai, minas de Vila Rica,
santa Virgem do Pilar!
Dizem que eram minas de ouro...
- para mim, de rosalgar,
para mim, donzela morta
pelo orgulho de meu pai.
(Ai, pobre mão de loucura,
que mataste por amar! )
Reparai nesta ferida
que me fez o seu punhal:
gume de ouro, punho de ouro,
ninguém o pode arrancar!
Há tanto tempo estou morta!
E continuo a penar.
Cecília Meireles
domingo, 1 de maio de 2011
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